12.9.07

Parte II

Tenho dez segundos para colocar-me na posição que pretendo que fique registada...Já está! Mais uma fotografia. Acho que não ficou bem, vou ver.

É, cortei a cabeça. Vou repetir, desta vez mais perto e só à cabeça. Afinal tudo se concentra neste pedaço de corpo. As marcas do tempo, aquelas que tememos, são mais visíveis no rosto.


As do resto do corpo não são reconhecidas por ninguém presente.


Dez segundos, não esquecer. A luz vermelha aumenta de intensidade rítmica à medida que o tempo escasseia. 4, 3, 2, 1... Até parece importante aquela luz(inha) vermelhinha, naquela maquina(zinha)!

Pronto, depois de vinte tentativas pelo menos uma ficou decente, aproximada daquilo que eu esperava conseguir.

A luz ficou bem, as sombras nada exageradas, é isto!

(Tão branca! Quase me confundo com a parede.)

Como todos reponderam ao desafio via sms (o que melhor me define fisicamente?), cheguei à conclusão de que a minha pele, o tom da minha pele, em contraste com o meu cabelo escuro “sou eu”. Aos olhos dos meus amigos eu sou um elemento a preto e branco, ou melhor, um resultado gráfico a preto e branco. Tal como nas minhas fotografias, (ou quiçá tal como a heroína de uma BD futurista).

Mais uma vez volto à bidimensionalidade, mas desta vez não estou dependente do braço do meu amor.

Estou dependente sim, mas do ar que me rodeia. Estou junto ao tecto quase por cima da minha cama. Movo-me tal como um “espanta espíritos”. Lá em cima, rodo sobre mim mesma quando abrem a janela, quando correm à minha volta. Movo-me com o ar que os outros movimentam. Vivo à medida das suas velocidades, das suas faltas de ar, das suas fúrias, do bater as portas. Sou as sombras de mim e a ausência é todo o resto.

A Celma veio ver-me e achou que era mesmo assim. Só me movi quando ela, em tom de desabafo, me contou mais uma vez o seu triste fado, com uma diferença, desta vez estava mesmo revoltada. Revoltada de tal maneira que os seus movimentos aumentavam progressivamente, provocando uma tempestade dentro do T0. O meu amor achou que era melhor ela ir embora. Ela também. Eu achei que era mesmo assim. Por mais frágil que eu pareça não me vou desmanchar e cair no chão. Encontro equilíbrio sempre que o procuro. Não te preocupes!


by GrrrGirl

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